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Livro Impresso

Sons de África e da diáspora atlântica
história, musicologia e interfaces



África, sonoridade, linguagem, liberdade, música, cultura, história, africano, africana


Sinopse

A História, enquanto disciplina científica, nunca gostou de andar sozinha. Desde o século XIX quando assumiu o estatuto de ciência que compartilha terreno temático com disciplinas das ciências sociais, econômicas e linguísticas. Ao longo do século XX, muitas foram as áreas de conhecimento que compartilharam objetos e abordagens com a História. A Antropologia, a Crítica Literária, o Direito e as Ciências Naturais e da Saúde já são conhecidas parceiras da disciplina histórica. Não menos profícuo tem sido a interface entre a História e o campo das artes. Neste, destaque-se a Música. Com as viradas epistemológicas das últimas décadas do século XX, estas duas disciplinas começaram atrair o interesse da comunidade acadêmica brasileira, já podendo contar nos dias atuais com um importante sumário de trabalhos com diferentes temas e abordagens, selando assim a interface entre História e Musicologia no Brasil. Entretanto, uma perspectiva que ainda se apresenta timidamente é sobre a investigação acerca das culturas musicais em África e na diáspora atlântica para o Brasil. Pensando nesta demanda, o Laboratório de Estudos Africanos e Espaço Atlântico da Universidade do Estado da Bahia/Campus XIII (LEAFRO/UNEB-XIII) e o Grupo de Pesquisa Africanias UFRJ (vinculado ao Programa de Pós-graduação em Música) convidou pesquisadores e pesquisadoras das diferentes áreas de conhecimento e de diversas localidades, que trabalham as suas disciplinas em interface com a musicologia para assinarem os capítulos que compõem este “Sons de África e da diáspora atlântica: história, musicologia e interfaces”.
O livro foi pensado no âmbito das ações do LEAFRO/UNEB-XIII Africanias UFRJ instigado pelos resultados parciais do projeto de pesquisa “As cordas sonoras de África: arcos musicais, cultura material sonora e trânsito atlântico (Angola e Brasil, 1878-1975). Este estudo impulsionou a colaboração entre os dois organizadores deste volume. O trabalho está vinculado ao plano de trabalho de Josvialdo Pires de Oliveira como membro do corpo docente do Programa de Pós-Graduação em História Regional e Local da Universidade do Estado da Bahia/Campus V (PPGHIS/UNEB-V) e também é o primeiro resultado da colaboração iniciada em 2021 com a Pós- Escola de Música da UFRJ.
O livro está estruturado em duas partes, a saber: Parte I – Sons, Ecos e Fluxos e Parte II – Cultura material sonora e ajuntamentos festivos. O primeiro artigo da autora Katharina Doring, intitulado Musicologias africanas e formações musicais afro-centradas em diálogos trans-atlânticos traz uma importante compilação e resenha dos trabalhos dos principais autores da musicologia africana, assunto entre nós muito pouco divulgado. Além disso, a autora também traz uma discussão a respeito dos principais educadores e suas metodologias para a formação musical e a sua importância na transformação dos países africanos impactados, da mesma maneira que no Brasil, com os saberes musicais eurocentrados e legitimados pela escrita. O texto à seguir, intitulado Ogundê uarerê: ecos em fluxo de um canto trans-atlântico (Eduardo Lyra e Andrea Albuquerque Adour da Camara) descreve o interessante fluxo da canção Ogundê uarerê, coletada por Ernani Braga no terreiro de Pai Anselmo em Pernambuco por ocasião do I Congresso Afro-brasileiro, desde o seu texto musical originário, suas apropriações, variações e mudanças, percorrendo diversos gêneros musicais, na voz de diferentes intérpretes, no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos. Do Benim à Bahia: o Atlântico afro-baiano de Angelique Kidjo de Marielson Carvalho narra a mediação realizada por esta incrível intérprete do Benim que encontra as pontes de sua ancestralidade na Bahia, tanto no âmbito pessoal quanto musical, ecoados no seu álbum Black Ivory Soul. Marcos dos Santos Santos traz diversas notas a respeito da música e dos músicos negros no século XVIII na Bahia a partir de diferentes fontes documentais. O texto intitulado Fragmentos históricos, fluxos diaspóricos: notas sobre sonoridades negras na Bahia oitocentista expõe com sua discussão as lacunas que a musicologia possuí a respeito da prática musical negra neste período histórico. Encerrando a primeira parte, o texto A Musicologia da capoeira: espaço-momento de construção e reconstrução na dinâmica do jogo de corpos de Luiz Vitor de Castro Junior, Joel Ales Bezerra e Maria Eduarda Lemos da Silva nos conduz à um mergulho no cancioneiro da capoeira, como fonte de estudo para a musicologia, demonstrando a presença de diversas discussões feitas no âmbito musical, social, político e histórico refletidas nas letras das ladainhas e corridos.
A Parte II, Cultura Material Sonora e Ajuntamentos Festivos, inicia com o texto Artefatos sonoros africanos na musicologia portuguesa: um ensaio de história social sobre o Dicionário de Música de Tomás Borba e Fernando Lopes-Graça (1956-1963), de Josivaldo Pires de Oliveira. Traz a partir de informações contidas no Dicionário do português Padre Tomás Borba e Fernando Lopes-Graça sobre os arcos, harpas, pianos e marimbas africanas uma discussão mostrando a diversidade e abrangência desses instrumentos espalhados por toda a África. Ainda sobre instrumentos musicais, temos o texto A dikanza de Angola: ancestralidade, resistência e diálogo diaspórico do autor Luiz Augusto Pinheiro Leal. Neste texto o autor relata a partir de sua viagem e estudo etnográfico em Angola, a presença do instrumento dikanza, que reflete em semelhança com o reco-reco brasileiro. O autor ainda aponta outros ecos de ordem musical que parecem aproximar Luanda em Angola e Pará no Brasil e, além disso, mostra que a partir destes instrumentos musicais autóctones, e suas intérpretes, instaura-se um movimento de resistência e pertencimento. Além deste o texto Mbila: um instrumento moçambicano em descoberta, do autor moçambicano Edson Gopolane Uetela Uthui também oferece um estudo de organologia desse instrumento pouco conhecido por nós, a mbila. Em sua investigação o autor demonstra as diferenças de construção e de afinação, elementos que influenciam nas práticas musicais. Os três últimos textos desta II Parte nos brindam com estudos a respeito de práticas Musicais em Angola, Moçambique e Brasil. O primeiro, intitulado União operária KabocomeuÇ do Sambizanga ao carnaval de Luanda, Angola de Landirléya dos Reis Silva e Washington Santos Nascimento, discorre sobre o carnaval de Luanda e sobre a dança Kazukuta, e seus diferentes instrumentais, que confronta a tradição e a modernidade. A marrabenta, é o tema do texto seguinte, Trajetórias de um ritmo ´”neo-folclórico”: “onda pop”, marrabenta, racismo colonial e perspectivas nacionais, de Matheus Serva Pereira. O autor descreve a marrabenta, gênero e ritmo musical moçambicano, e sua construção a partir da história de Moçambique, das resistências aos saberes coloniais, e de importantes músicos, como Fany Mpfumo, que propagaram internacionalmente esta música moçambicana. Encerrando a II Parte e a publicação, o texto Afinado a fogo, tocado a murro, dançado a coice: a corpo ética afro-diaspórica no Tambor de Crioula do Maranhão de Sálvio Fernandez Melo. “Parou pra quentar”, expressão usada para esquentar o tambor à fogo, tradição afro-diaspórica do Tambor de Crioula no Maranhão, repercute a complexidade da performance e sua corporeidade. Afinam-se música, corpo, instrumento, conectando-se com a ancestralidade, festejando, dançando, cantando....
Nesta publicação procuramos unir conhecimentos de diversos pesquisadores em um volume onde a Musicologia e a História unem-se com suas múltiplas metodologias para construir pontes e saberes, tecendo narrativas sobre a vasta musicalidade africanas e da diáspora. Esta coletânea pretende demonstrar que ainda há muito a fazer em busca de uma consolidação de uma Musicologia africana e afro-diaspórica. Buscamos oferecer ao leitor uma perspectiva afro-centrada da Musicologia.












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Última alteração: 10/10/2023

Autores e Biografia

Adour, Andrea (Organizador), Oliveira, Josivaldo Pires de (Organizador)

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Selo principal da Editora que publica autores nacionais e traduções de obras em domínio público de clássicos da literatura.

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