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Zoografia: Zooalgia



ZOOGRAFIA : ZOOALGIA, Pedro de Souza, 128 páginas, 2017, 21 cm, Conto Brasileiro, I Titulo, ficção, Literatura brasileira, Literatura brasileira pedro de souza, Contos pedro de souza, livros pedro de souza, LITERATURA CONTEMPORÂNEA, LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA, COLEÇÃO DE CONTOS PEDRO DE SOUZA, ESCRITOR PEDRO DE SOUZA, NANKIN PEDRO DE SOUZA, ALAMEDA CONTOS PEDRO DE SOUZA, NANKIN CONTOS


Sinopse

DOS BICHOS: AGENTES E GENTES

Podemos alinhavar logo estas observações saltando indevidamente o “Prólogo” das alternativas e escorrer o olhar pelo início e o fim do livro. Deve ficar claríssimo que o “Prólogo” muito merece ser lido. Mas certa tática de momento obriga a ver que o primeiro não-texto absoluto é história do cão, em branco. Sem texto, só uma epígrafe anterior. Isto faz o leitor alertar-se sobre um eventual erro de editoração. O último é um semitexto, um não-texto quase, com uma só linha escrita, que parece expor a nu o homem. Expor a nada e a tudo, como o mito de Fernando Pessoa, já que é apenas um último resíduo no conjunto da bicharada.

Dito isso, antes do miolo do livro, convém certo conforto ao leitor sobre o título do volume, bem enigmático, mas esclarecedor: zoografia é a descrição ou desenho de bichos ou animais. Está no dicionário. Zooalgia, contudo, é montagem de bicho com dor, dor de membro ou do corpo. E aí está: há dores nos bichos, até muita dor, fato a que os humanos pouco atentam, preocupados em geral apenas com suas próprias dores. Magnífica lição de sensibilidade mais que humana do autor.

Os dez textos que formam o miolo escrito e de fôlego são narrativas – contos, quase-contos, protocontos – que desafiam a leitura, sem se quadrarem em quase nada de gênero literário convencional, mas com invenção contínua e expressão de linguagem para gerar e construir personagens e acontecimentos extravagantes e excêntricos e, às vezes, monstruosos, como o peixe desmarinado e desarvorado. Tudo na tradição do grotesco.

Curiosamente, entretanto, não se formam alegorias específicas, nem gerais, porém tudo nessas narrativas é animal e também humano, inseparavelmente.

Quando os rinocerontes filosofam sobre o idealismo alemão dos séculos XVIII e XIX e suas repercussões até o século XX, isso é para ser levado a sério ou está montada uma astuta farsa, como o paradoxo do mentiroso e arredores? O leitor que se decida, se isso for possível.

E quando uma tartaruga bem velhinha – as tartarugas vivem muito, são longevas – internada no asilo padece de loucura senil ou do mal de Alzheimer, ela é acompanhada com extrema e comovente empatia e sensibilidade, como a desvelar o destino comum dos humanos muito idosos.

Lendo este livro extraordinário há muito mais para o leitor espantar-se e considerando que seu autor, que é também músico, escreveu-o aos 22 anos (hoje conta 23), trata-se de acontecimento literário e humano de fazer cair o queixo, como diria o nosso velho e sempre novo Machado de Assis.

Valentim Facioli
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Metadado adicionado por Alameda Editorial em 01/02/2024

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Metadados adicionados: 01/02/2024
Última alteração: 01/02/2024
Última alteração de preço: 15/06/2023

Autores e Biografia

Souza, Pedro de (Autor), Facioli, Valentim (Orelha)

Sumário

Prólogo - 9
Do cão - 11
Do cavalo - 13
Do peixe - 23
Do cervo - 39
Do rinoceronte - 49
Do gato - 63
Da vaca - 71
Da tartaruga - 81
Do corvo - 91
Do papagaio - 105
Da barata - 117
Do homem - 127



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