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Livro Impresso

O peregrino



peregrino, Rogerio Guarapiran


Sinopse

“O Peregrino” é um texto que nos faz refletir, à luz de uma cosmovisão afro-indígena e brasileira, a necessidade de demover a dura materialidade do passado, com a borduna que brandimos hoje, no presente, diante do monstro invisível do futuro. Refletir e também agir sobre o nosso próprio reflexo turvo sobre o lago, enquanto Brasil. Sendo aqui fundamental compreendermos o intenso caldeirão cultural, social, político e econômico entre os séculos XVII e XVIII, retratados na peça.
As tensões oriundas do Brasil versus Palmares; o início do Ciclo do Ouro; a reivindicação da (milícia) bandeirante sobre as riquezas do país e a Guerra dos Emboabas, são alguns dos contextos nacionais que vão ressoar em outros acontecimentos históricos importantíssimos logo adiante. Acontecimentos estes, que até hoje reverberam e reabilitam-se em ecos de ações e reações de um povo brasileiro sufocado, mas sempre resistente e sedicioso — ao contrário do que diz o senso comum —, pelos novos modelos de mercado num capitalismo à época em ascensão, estruturado pela mão de obra negra escravizada. E delimitando todos os mínimos contornos das cidades e fronteiras regionais estabelecidas neste território que conhecemos hoje.
O encontro de importantes personagens históricas, com imagens atuais de muitos Brasis impressos em outros corpos, vozes contemporâneas, espíritos, ancestrais, paisagens e gestus, dão a força necessária a essa história e nos faz escavar a matéria-prima da (vã) esperança, nestes recortes de tempo que se encontram quase que num épico diálogo andradiano. (referência ao dramaturgo Jorge de Andrade, falecido em 1984, autor de telenovelas). Ao mesmo tempo, nos ajuda, com a ácida e habilidosa crítica social do autor, a focar a lente para o agora e pensarmos: quem de nós somos os “emboabas” nesse país que ainda custa a nascer com um projeto de nação? De mesmo modo, esse ser Peregrino, alegorizado na personagem-título, que simboliza em todas as suas contradições um pouco dessa alma brasileira forjada pelas brutais espirais do tempo. Tomemos cuidado. Pois, como assinala o prólogo, “As alegorias são intolerantes, na sua bondade ou na sua maldade”.
Formar um Brasil, passa por reconhecer todas as sete pontas da estrela, na sua história. (Prefácio escrito pelo músico, ator, poeta e pesquisador Elinaldo Nascimento)

Metadado adicionado por Editora e Livraria Letra Selvagem em 06/05/2024

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Metadados adicionados: 06/05/2024
Última alteração: 06/05/2024

Autores e Biografia

Guarapiran, Rogerio (Autor) - Meu nome artístico é Rogerio Guarapiran, nascido em Taubaté em 1983, cresci no conjunto Urupês, bairro da Independência, com muita criança na rua, jogando bola nos campinhos e estudando no Urbanão. Depois me mudei para a parte não rica do Jardim das Nações e vivi na cidade até meus 20 anos. Me formei como técnico em eletrônica no colégio da Unitau e trabalhei em empresas de manutenção de telefonia e na fábrica da LG. Mas desde os 15 anos, mantinha o companheiro violão ao meu lado para tocar nos luais em Ubatuba, formar bandas no colégio e compor canções baseadas em Raul Seixas e Titãs. Estudei violão clássico na escola de Artes Maestro Fêgo Camargo e fui pegando o gosto em estudar de forma séria. Conheci o teatro e cursei apenas o ano inicial do curso de Teatro na mesma escola. A partir daí, a música e o teatro não saíram da minha vida e mais do que isso, fizeram eu percorrer um longo caminho, que ainda estou trilhando, em busca de formação e aprimoramento nessas duas linguagens. Fiquei 6 anos no Círculo de Dramaturgia no Centro de Pesquisa Teatral de Antunes Filho, estudei na Escola Livre de Teatro, integrei o Teatro Popular União Olho Vivo e acompanhei muitos grupos e artistas que achava impossível estar lado a lado na criação. Hoje tenho 39 anos, moro em São Paulo, estudei Letras e Linguística, tenho 3 filhos e uns 20 anos de trabalho como dramaturgo e músico profissional.

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