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Beca, canudo e protesto
Contestação e irreverência nas formaturas da Faculdade de Medicina da UFRGS de 1974 a 1990



protesto estudantil, universidade, faculdade de medicina, formatura, condições de ensino


Sinopse

A formatura de 1975 teve 11 cadeiras vazias na mesa de autoridades (foto acima).
As de 1979, 1980 e 1981 foram suspensas pela Universidade, mas as turmas promoveram cerimônias por conta própria. A de 1985
quase teve a forma de uma peça teatral.
E assim por diante.

Só é possível compreender os motivos
e o impacto dos protestos nas formaturas da Faculdade de Medicina da UFRGS, durante 17 anos, remetendo-se ao contexto em que ocorreram. Por isso, esta retrospectiva histórica coloca leitores e leitoras em meio
aos acontecimentos do período.

Nas universidades, as formaturas são um rito de passagem, marcando a mudança de status de quem recebe seu diploma. Para cumprirem essa função, seguem um protocolo que estabelece elementos simbólicos obrigatórios. Por exemplo: o uso da beca e demais vestes talares, distintivas de posição e poder; as representações de diferentes papéis, por meio de paraninfos, homenageados, autoridades acadêmicas e oradores; e, ponto alto das cerimônias, o momento individual da colação de grau, quando a posse do canudo, em meio a falas rituais, converte estudantes em profissionais.
Nesse universo de simbolismos, a ausência ou modificação de qualquer elemento introduziria um novo significado, a sinalizar que algo está fora de lugar. Pois assim foi a formatura da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1974. Teve beca, teve canudo… mas não paraninfo e homenageados. Foi a forma encontrada por formandos e formandas para protestar contra as condições de ensino, prejudicadas em decorrência da implantação, pelo regime militar, da chamada reforma universitária.
O episódio não foi o único. A turma de 1975 escolheu como paraninfo o professor Sarmento Leite (foto acima), então falecido há 40 anos. A de 1978 elegeu o antigo prédio da Faculdade (fotos da capa). Acompanhando o contexto histórico de cada momento, esses protestos perduraram até 1990.

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Metadados adicionados: 14/08/2024
Última alteração: 14/08/2024

Autores e Biografia

Ferraretto, Elisa Kopplin (Autor) - Jornalista, atua na área de Comunicação em Saúde. É autora de Pery e Estelita na ribalta do espaço, que resgata a história de Pery Borges e Estelita Bell, pioneiros do radioteatro. Com o jornalista e professor Luiz Artur Ferraretto, escreveu Assessoria de imprensa: teoria e prática e Técnica de redação radiofônica. Em 2021, recebeu, da Associação Riograndense de Imprensa, o Troféu Antônio Gonzalez de Contribuição Especial à Comunicação.; Barros, Elvino (Autor) - Nefrologista, atua no Hospital de Clínicas de Porto Alegre e é professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É autor, coautor ou organizador de livros técnicos de Medicina, além de uma obra de resgate histórico de sua especialidade, Fragmentos da história da Nefrologia gaúcha.

Sumário

Apresentação

1974
Ninguém a homenagear: “O corajoso dever da honestidade”

1975-1979
Da homenagem a mortos à suspensão da formatura

1975
Paraninfo e homenageados buscados no passado

1976
Um hospital como paraninfo simbólico

1977
A maior ATM da história não abranda a crítica

1978
Um paraninfo que não anda, não sente, não pensa e não fala

1979
“Viemos do tempo do medo, mas hoje é o nosso dia”

1980-1984
Sem paraninfo e sem beca

1980
Entre o nada e o apenas simbólico, a turma rachou

1981
Uma abstração onírica como paraninfo

1982
Um paraninfo de ultimíssima hora

1983
Mais liberdade, menos formalidade

1984
Uma pompa que não combina com a realidade do país

1985-1989
A ocupação lúdica do espaço público

1985
Uma ideia inédita para a formatura acaba “bailando na curva”

1986
A informalidade e a irreverência em cena no Teatro da Ospa

1986/1
Em meio a muitas mudanças, uma turma conturbada

1986/2
“Resolvemos experimentar algo feito por nós e para nós”

1987
Reflexões sobre a Medicina, a vida e a felicidade

1987/1
A diferença entre ser médico e estar médico

1987/2
Um sonho e nove lições

1988
Entre o tradicional e o informal

1988/1
“Se existe felicidade, este é um momento feliz”

1988/2
Pouco apego às tradições e formalidades

1989
Com muitas falas, as solenidades alongam-se

1989/1
Apenas quatro votos a favor da beca

1989/2
Nem se pensa em paraninfo

1990
Tudo muda para voltar a ficar igual

1990/1
Uma formatura com tudo a que se tem direito

1990/2
O último protesto


Beca, canudo... e espetáculo

Um guia para orientar a viagem pelo tempo

Referências

Agradecimentos



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