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Livro Impresso

Discurso filosófico da acumulação primitiva
estudo sobre as origens do pensamento moderno



filosofia, Francis Bacon, Thomas More, Thomas Smith, modernidade, capitalismo, história da filosofia, história da ciência, utopia, política


Sinopse

Ao estudar o Renascimento inglês, Pedro Rocha de Oliveira escancarou um fato extremamente atual: o de que a modernidade — que se confunde com o capitalismo, a acumulação primitiva e o progresso — é uma engrenagem que obrigatoriamente precisa de uma população periférica, externa ou interna, que é descartável, isto é, matável. O "populacho" está fora do acordo oligárquico que define uma democracia — que pertence aos experts, aos proprietários, os quais detêm o monopólio da racionalidade. Todas as nações do mundo fizeram isso, desde o início: Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha, Itália etc. O Brasil também, claro, desde sempre, porque esse é o regime da Colônia, ou seja, o conjunto da população matável administrada de fora por uma metrópole. Depois, a metrópole é interiorizada, com os mesmos objetivos. Por isso é que até hoje se mata nos campos e nas periferias deste país, impunemente. Eis o denominador comum de todas as elites brasileiras, sejam de esquerda ou de direita: todas são progressistas, pois o progresso é isso. E quem não se adequa a essa realidade é considerado "obscurantista", "medieval", "atrasado", "pré-moderno" etc. Para as pessoas que recebem essas alcunhas, o mundo "superior" do saber, da ciência, da administração pública não diz nada. O Estado é sempre visto como um inimigo do povo. O capitalismo, o progresso, a modernidade podem ser resumidos como uma guerra civil dos cidadãos contra os não cidadãos. A modernidade é o pressuposto de que existe um lado superior (civilização, progresso, racionalidade, administração pública, crítica da superstição), e um inferior, que são os não cidadãos, descartáveis, matáveis. O preço do progresso é o sacrifício de pobres, negros, índios, camponeses, mulheres etc.

— Paulo Arantes

Metadado adicionado por Editora Elefante em 14/05/2024

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Metadados adicionados: 14/05/2024
Última alteração: 14/05/2024

Autores e Biografia

Oliveira, Pedro Rocha de (Autor) - Pedro Rocha de Oliveira é carioca, professor do ensino público federal, psicanalista, e pós-doutor em filosofia. Tentando dar uma voz mais ou menos organizada à sensação de colapso onipresente na experiência contemporânea, estuda as origens e os limites da civilização moderna, entendida simplesmente e rigorosamente como socialização capitalista. É coautor de Até o último homem: visões cariocas da administração armada da vida social (Boitempo, 2013), autor de Dinheiro, mercadoria e Estado nas origens da sociedade moderna: estudo sobre a acumulação primitiva de capital (Editora PUC-Rio, 2018) e de vários estudos, artigos e capítulos sobre estética moderna, política penal, psicanálise e história do pensamento moderno, através dos quais tem buscado manter os olhos sempre fixos nas razões para odiar o caminho mortífero em que, desde o advento moderno, a humanidade foi metida. Suas principais referências teóricas são Paulo Arantes, Peter Linebaugh, Theodor Adorno, Sándor Ferenczi e David Graeber. Na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, geralmente leciona crítica da economia política, pensamento brasileiro e filosofia da cultura.

Áreas do selo: ArtesHumanidadesInfantojuvenilLiteratura nacional

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