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Cachaça, história e literatura



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Sinopse

Nada é simples ou evidente quando nos debruçamos sobre uma bebida que faz parte da história, da vida e do imaginário do brasileiro há séculos, que está presente em todo o território nacional e que, ao longo do tempo, figurou na maioria das vezes fora do centro das atenções, dos registros, dos escritos.

A cachaça, é notório, costumou circular principalmente pelas margens da sociedade, associada a categorias sociais subalternas e, não raro, exercendo papéis, no mínimo, ambíguos. Em paralelo, tornou-se bebida ritual nas religiões afro-brasileiras. Essa mesma cachaça, que é estigmatizada como bebida barata, ligada às mais baixas posições da escala econômica, poderá, invertendo completamente sua significação, ser evocada como símbolo de brasilidade, portadora dos mais profundos atributos da nacionalidade brasileira.

Mas a cachaça rende muito à pesquisa. Sua ampla circulação na sociedade brasileira, cumprindo uma infinidade de funções, continua a provocar os pesquisadores a estabelecer nexos entre os mais diversos contextos de sociabilidade. Como os rituais religiosos, a hospitalidade caipira, sertaneja ou caiçara, os usos medicinais, a culinária e a diversão báquica ou exusíaca, para citar apenas alguns, atravessados de sentidos culturais, políticos, sociais, econômicos…

Foi aliás numa dessas encruzilhadas de sentidos que surgiu este livro, concebido e criado durante a pandemis de Covid-19, com diversas contribuições de historiadores e críticos literários.

O livro é, portanto, um convite a que pesquisadores de diferentes áreas se interessem por estudar mais detidamente a cachaça – e produzir novas contribuições. Afinal, ainda há muito por decifrar dos possíveis desenhos formados por esse emaranhado de fios de cores e espessuras diversas.

Sobre os organizadores: Joana Monteleone é editora e historiadora, autora de Sabores urbanos: alimentação, sociabilidade e consumo (Alameda Casa Editorial, 2015) e Toda comida tem uma história (Oficina Raquel, 2017). Realiza pesquisas sobre consumo, gastronomia e moda e atualmente faz pós-doutorado na Cátedra Jaime Cortesão do Departamento de História da Universidade de São Paulo. Maurício Ayer é tradutor, editor e autor de obras musicais, dramáticas e literárias. Atualmente, desenvolve duas linhas de pesquisa, uma intitulada O poema como partitura e outra sobre o tema da cachaça na literatura brasileira. Graduou-se em Música/Composição pela Faculdade Santa Marcelina (2000) e tem doutorado (2006) e pós-doutorado (2016) em Letras (Língua e Literatura Francesa) pela FFLCH/USP e é professor substituto de Literatura Francesa na FFLCH/USP desde 2018.

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Metadados adicionados: 06/05/2024
Última alteração: 14/05/2024

Autores e Biografia

Monteleone, Joana (Organizador) - Joana Monteleone é editora e historiadora, autora de Sabores urbanos: alimentação, sociabilidade e consumo (Alameda Casa Editorial, 2015) e Toda comida tem uma história (Oficina Raquel, 2017). Realiza pesquisas sobre consumo, gastronomia e moda e atualmente faz pós-doutorado na Cátedra Jaime Cortesão do Departamento de História da Universidade de São Paulo. ; Ayer, Maurício (Organizador) - Maurício Ayer é professor, tradutor e autor de obras musicais, dramáticas e literárias. Desde 2014, desenvolve pesquisa a respeito dos “Lugares da cachaça na literatura brasileira”, tema sobre o qual publicou artigos e ensaios. Graduou-se em música/composição pela Faculdade Santa Marcelina (2000) e tem doutorado (2006) e pós-doutorado (2016) em literatura francesa pela FFLCH/USP, onde foi professor substituto de 2018 a 2021.

Sumário

Introdução, p. 7
No reino do impalpável: os significados da cachaça, de Renato Pinto Venancio, p. 15
Os eufemismos da cachaça, de Mário de Andrade, p. 39
A pancada do Ganzá: Mário de Andrade e a cultura da cachaça, de Lucas Brunozi Avelar, p. 45
Identidade, folclore e gosto em "Cachaça, moça branca" de José Calasans, de Joana Monteleone, p. 81
Na beira, no breu: cachaça e metamorfose em “Meu tio o Iauaretê” de João Guimarães Rosa, de Maurício Ayer, p. 103
Um remédio para as mazelas do sertão: os usos da aguardente nas expedições ao sertão (séculos XVII- XIX), de Rafaela Basso, p. 161
“Ébrios, vagabundos e desordeiros”: a cachaça nas ruas de São Paulo de fins do século XIX, de João Luiz Maximo da Silva, p. 183
Feitiço indecente: a cachaça na obra de Aldir Blanc, de Fabrício de Araújo César Gonçalves, p. 209
Crônicas sobre cachaça, de Mouzar Benedito, p. 247



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