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Livro Impresso

A invenção da democracia como valor universal
Enrico Berlinguer e o e comunismo democrático italiano (1972-1984)



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Sinopse

Este livro analisa a contribuição do líder do Partido Comunista Italiano (PCI), Enrico Berlinguer, ao debate político contemporâneo. Ao tratar do comunismo democrático italiano nos anos 1970 e 1980, Marco Mondaini toca em temas da maior atualidade. Por exemplo, como organizar a luta pelo comunismo de modo indissociável da busca de democracia? Como incorporar à pauta socialista as lutas sociais que não se reduzem às reivindicações de classe? Como evitar retrocessos como o ocorrido no Chile após a queda de Allende?

Questões como essas seguem em aberto, buscando respostas que segundo o autor podem ser elaboradas a partir da experiência de uma corrente muito comentada, mas até agora pouco estudada no Brasil, o chamado eurocomunismo. Um movimento que soube incorporar à tradição comunista temas como direitos humanos, feminismo, liberdades individuais e direitos civis. E por isso influenciou militantes em diversas partes do mundo, particularmente os brasileiros.

A obra traça um panorama expressivo tanto do ponto de vista intelectual como político da história das ideias no PCI que levou ao eurocomunismo, em diálogo e embate com as tendências dominantes no movimento comunista internacional. Esclarece as divergências entre as correntes do maior partido comunista do Ocidente, e apresenta uma linha evolutiva ao longo de gerações, com continuidades e rupturas no comando dos comunistas italianos, sempre em conexão com os respectivos contextos históricos. Expressa o crescente aprofundamento da questão democrática em diferentes conjunturas, partindo da guerra de posição de Gramsci, seguida da democracia progressiva de Togliatti, para chegar ao reformismo revolucionário de Longo, completado pelo compromisso histórico, a introdução de elementos de socialismo no capitalismo, a utopia do tempo longo e a democracia como valor universal de Berlinguer.

O leitor tem a oportunidade de acompanhar a construção do que Mondaini chama de comunismo democrático italiano. Uma experiência que se propôs a superar a tradição social democrata da II Internacional que redundou na mera gestão do capitalismo, bem como a via insurrecional bolchevista da III Internacional, geradora de um socialismo autoritário e burocrático. Em linguagem clara e direta, o autor conduz a escrita para as propostas polêmicas que advoga, na tradição eurocomunista: a democracia como valor universal, a revolução processual de longa duração, e um reformismo revolucionário inovador.


Marcelo Ridenti
Unicamp


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Há muito tempo acompanho a trajetória acadêmica de Marco Mondaini na UFPE e não nego que tenho muitas afinidades políticas com o seu pensamento.

Atravessei dolorosamente o processo da diáspora comunista até a transformação de vários de seus membros em políticos e militantes de outras legendas, com outro pensamento político (PMDB, PSDB, PPS). Esse processo me fez órfão de uma utopia renovadora, aggionarda, inspirada num socialismo democrático, plural e laico, que tinha em nomes como Carlos Nelson Coutinho, Leandro Konder, Luís Werneck Vianna e outros, seus principais expoentes. Particularmente, o primeiro desta lista está profundamente ligado ao tema deste livro - a via italiana para o socialismo.

Ler e meditar sobre este trabalho é um exer cício de volta ao passado e como éramos otimistas em relação ao futuro. Remexer nas feridas e cicatrizes. Diga-se, de início, que Mondaini tirou um excelente proveito de sua formação de historiador. A escrita desse livro é límpida, clara, objetiva, sem esconder a posição de simpatia pelo objeto de estudo.

O seu grande mérito, dentre outros, é a preciosa genealogia da formulação eexecução da via democrática para o socialismo, traduzida para o português por Carlos Nelson.

O autor dessa estratégia democrática radical foi Enrico Berlinguer, secretário-geral do PCI, no contexto da política italiana. A grande vantagem do livro é um aprofundamento dessa estratégia, num estudo muito cuidadoso. Carlos Nelson não aprofundou o legado de Berlinguer, enquanto a obra de Mondaini vai mais além, contextualizando e qualificando a elaboração do PCI.

Só por isso esse livro justificaria sua publicação, num momento que se tornou imperiosa a defesa firme e clara das instituições democráticas no Brasil.

Michel Zaidan
Professor Titular da UFPE


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O Brasil é uma sociedade vertebrada por fortes tradições autoritárias. As grandes correntes de esquerda, por condições próprias e pelo peso do contexto em que evoluíram, conservaram, redefinindo-as, estas marcas. Assim, não tem sido fácil, propor e discutir valores e perspectivas democráticas para um processo de renovação radical da política brasileira. Mas foi este o caminho escolhido e trilhado por Marco Mondaini.

Desde muito jovem, inspirado pelo que de melhor nos legaram as interpelações democráticas do comunismo italiano, o Autor, apesar de incompreensões de distinta orientação, trava o bom combate pela democracia. Uma árdua e bela opção, agora e mais uma vez trabalhada neste livro, cuja leitura torna-se indispensável para os que compreendem os valores democráticos como universais.

Daniel Aarão Reis
Professor Titular da UFF

Metadado adicionado por Alameda Editorial em 07/11/2022

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Metadados adicionados: 07/11/2022
Última alteração: 04/11/2024
Última alteração de preço: 04/11/2024

Autores e Biografia

Mondaini, Marco (Autor) - Marco Mondaini é graduado em História pela UFRJ, mestre em História Econômica pela USP e doutor em Serviço Social pela UFRJ. Realizou doutorado-sanduíche no Instituto Gramsci de Roma/Itália, pós-doutorado no Departa mento de Teoria e História dos Direitos Humanos da Universidade de Florença/Itália e estágio-sênior no Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane/Moçambique. É Professor Titular do Departamento de Serviço Social da UFPE e apresentador do programa Trilhas da Democracia.; Ridenti, Marcelo (Prefácio)

Sumário

Prefácio, por Marcelo Ridenti - 9
Nota de apresentação - 13
Introdução - 17

Cap. 1 - A estratégia da unidade antifascista: do compromisso histórico à alternativa democrática - 30
Cap. 2 - As relações com a União Soviética: do Pacto Atlântico como escudo da via italiana ao socialismo ao esgotamento da força propulsora da Revolução de 1917 - 67
Cap. 3 - As relações entre socialismo e democracia: da introdução de elementos de socialismo no capitalismo à democracia como valor universal - 97

Considerações finais - 123
Bibliografia - 131



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