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A Divina Comédia



Dante, Inferno, Renascimento, Renascença, Literatura italiana, Virgílio, Purgatório, Paraíso, Clássico italiano


Sinopse

"A mais célebre jornada do inferno ao paraíso

“Diante de mim as coisas não foram criadas
Pois são eternas, e eterno, duro
Deixai toda esperança vós que entrais.


Estas palavras eu as vi escritas em tinta escuríssima no alto de uma porta, o que me levou a dizer:
– Mestre, o sentido dessas palavras me angustia.
E ele me respondeu, lucidamente:
– Aqui convém perder todo o medo, toda covardia deve morrer aqui. Estamos no sítio de que lhe falei, onde tu verás as almas punidas que perderam a noção da verdade.”


Trecho do canto I de “Inferno”

A divina comédia, obra-prima de Dante Alighieri (1265-1321), fundadora da literatura de língua italiana e o mais completo compêndio sobre a civilização da época medieval, ganha aqui uma fluente tradução para o português brasileiro. Escrito enquanto o autor encontrava-se exilado de Florença devido a rixas políticas, o poema narrado em primeira pessoa retrata Dante como um protagonista peregrino, uma espécie de cidadão do mundo representante do homem medieval em busca da excelência moral e espiritual, espremido entre a cultura clássica e a tradição cristã. Levado pela mão do poeta latino Virgílio (autor da Eneida), o personagem Dante conhece o inferno e o purgatório – e os pecadores que lá se encontram – para depois atingir o paraíso, no que é uma das obras literárias mais influentes de todos os tempos.
Textos de apresentação e resumos dos cantos contextualizam a leitura e servem como porta de entrada para esta versão em prosa do poema narrativo de Dante, mantendo o brilho e a força deste que, segundo Italo Calvino, é um livro para ser lido e relido.

Os Editores"

Metadado adicionado por L&PM em 19/07/2024

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ISBN relacionados

9788525433206 (ISBN da coleção)


Metadados adicionados: 19/07/2024
Última alteração: 30/07/2024

Autores e Biografia

Alighieri, Dante (Autor) - "Nasceu na cidade de Florença provavelmente no dia 25 de maio de 1265. Florença era então uma minúscula mas opulenta cidade-estado republicana, com autonomia política e econômica, graças à sua condição de entreposto comercial, às suas pequenas indústrias e ao seu artesanato. Nessa época, a cidade – o centro cultural da Itália, berço de poetas e artistas – era assolada pelas brigas políticas entre o Partido dos Guelfos e o Partido dos Gibelinos. Tal conflito originara-se na Alemanha, onde a linhagem dos Wolf, defensora dos direitos dos pequenos Estados feudais, lutava contra a casa dos Wibling, que apoiava o imperador. Em Florença, assim como no resto da politicamente multifacetada Itália (cuja unificação só ocorreria no século XIX), o Partido dos Guelfos estava a favor do poder papal, enquanto o Partido dos Gibelinos defendia os direitos do imperador germânico. Os guelfos governavam a cidade, mas dividiam-se, por sua vez, em duas facções: a da família Donati, representante da nobreza tradicional, e a do clã dos Cerchi, formada pela burguesia que, enriquecendo, aspirava por uma participação nas decisões administrativas da cidade. As duas facções políticas dariam origem aos grupos dos Brancos e dos Negros, que atuaram, conflitando-se, durante o período de vida de Dante. O poeta recebeu educação primária no convento de Santa Cruz, dos padres franciscanos, e em seguida aprofun­dou-se em literatura, retórica e Filosofia na escola do mestre Brunetto Latini e, posteriormente, nas universidades de Bolonha e de Paris. Desenvolveu ainda inclinações para o desenho, música e manejo de armas. Aos nove anos apaixonou-se por Beatriz Portinari, uma menina um ano mais nova que ele e dona de uma beleza angelical. Tal paixão pueril marcou-o para sempre. Beatriz casou com um banqueiro e morreu logo em seguida, em 1290. Dante, embora não esquecendo a imagem de uma Beatriz casta e beatífica, teve outros amores terrenos e casou-se com Gemma Donati, com quem teve três filhos. Desenvolveu uma carreira pública exercendo cargos de conselheiro e de prior (uma das seis figuras do poder executivo) de Florença. Como político, tentava apaziguar as facções rivais, embora nutrindo sempre certa simpatia pelos Brancos, partido mais humilde. Foi autor de uma proposta que sugeria expulsar da cidade os homens mais violentos das duas facções. Tal medida foi aprovada pelo Conselho dos Cem (o poder legislativo da pequena república). Quando da execução da ordem, os mais atingidos foram os Negros, entre os quais o poeta Guido Caval­canti, melhor amigo de Dante. Todos os Negros passaram a odiar Dante e solicitaram que o papa Bonifácio VIII interviesse. Este pediu ajuda ao rei da França, Felipe, o Belo, que, por sua vez, enviou a Florença o seu irmão Carlos de Valois para punir os Brancos. Assim, em fins de 1301, os Negros expatriados voltaram à cidade e executaram a sua vingança, depondo os Brancos do poder, saqueando as suas residên­cias e exilando-os. Dante retornava de uma viagem a Roma, onde fora na tentativa de evitar a intervenção papal. Ainda no caminho de volta tomou conhecimento da vitória dos Negros e da sua condenação: uma multa de cinco mil florins e exílio por dois anos. Sem dinheiro, indignado e temeroso de enfrentar os seus inimigos, interrompeu a viagem na cidade de Siena, vizinha a Florença. Como não efetuou o pagamento da multa, recebeu nova sentença: todos seus bens seriam confiscados e seu exílio tornava-se vitalício, com o decreto automático de pena de morte caso voltasse à cidade natal. Deste ano de 1302 até 1321, ano de sua morte, Dante vagou por várias regiões do norte e do centro da Itália, sempre tentando arquitetar um retorno a Florença – que jamais aconteceria. Vivia de favores – talvez até mesmo de esmola – e do mecenato de nobres italianos que começavam a admirar a sua arte, como Bartolomeu della Scala, Duque de Milão e senhor de Verona. Depois da morte de Dante, o povo de Florença tentou dar sepultura em solo natal àquele que viria a ser considerado o maior poeta de voz italiana de todos os tempos. Mas os cidadãos de Ravena, cidade onde o poeta acabou por se estabelecer e onde morreu, não permitiram o translado e o luxuoso túmulo florentino permaneceu vazio. Foi durante a segunda metade deste exílio, ou seja, durante os dez últimos anos da sua existência (1310-1321), que Dante escreveu sua obra-prima, a Comédia. O longo poema é composto de três partes (Inferno, Purgatório e Paraíso), cada qual com 33 cantos, à exceção do Inferno, que tem 34 cantos, sendo o primeiro uma introdução a toda a obra. São cem cantos no total, com uma média de 120 versos cada um, na forma de tercetos (pequeno conjunto de três versos) de versos decassílabos (com dez sílabas poéticas) de rima alternada. O título Comédia deveu-se a duas razões: primeiramente, por se tratar de uma narrativa que inicia na tristeza (Inferno) e termina com alegria (Paraíso) e por utilizar um estilo simples e uma linguagem popular (italiano), em oposição à tragédia, normalmente escrita em latim. Nesta que é considerada não apenas a obra-prima do autor, mas de toda a literatura italiana, Dante coloca a si próprio como personagem e lança mão da narração em primeira pessoa. Exilado, peregrino, faz de si uma espécie de cidadão do mundo, representante do homem medievo, espremido entre a cultura clássica e a cultura do cristianismo, em busca da excelência moral e espiritual e da justiça so­cial. Levado pela mão do poeta latino Virgílio, autor da epopéia do povo latino, a Eneida, Dante atravessa o mitológico Estiges na barca de Caronte e é levado a conhecer o Inferno, onde se depara com pecadores sendo castigados, em ordem progressiva de gravidade de pecado cometido. No Purgatório, local de purificação, pessoas pagam penitência por dívidas morais que são, no entanto, saldáveis. Ao final da jornada no Purgatório, a amada e católica Beatriz substitui o pagão Virgílio e torna-se o guia e ajuda divina do poeta, acompanhando-o até o Paraíso, onde repousam pessoas que fizeram a devida penitência de seus pecados, governantes justos, estudiosos da teologia e praticantes do bem, entre outros. Os cantos da Comédia eram publicados e difundidos à medida que eram escritos. Dante povoou o Inferno, o Purgatório e o Paraíso com personagens históricos, conhecidos seus e homens públicos de Florença, de modo que a difusão da obra teve também um caráter de acerto de contas. O poema mostra, de fato, a vida do povo italiano no final da Idade Média, dividido em várias cidades-estado, em contínua luta pela sobrevivência política, recorrendo ora a aliados estrangeiros, ora ao poder papal. Por ser um painel completo da vida e dos vícios da Itália da época, a Divina comédia é considerada, também, um compêndio, rigidamente estrutu­rado, sobre a civilização medieval, uma suma poética da Idade Média (tendo como fonte doutrinária as sumas teológica e filosófica de São Tomás de Aquino e como fonte estética a Eneida virgiliana). A maestria e o gênio do poeta superam e sublimam os esquemas poéticos estruturais, tornando imperceptível a rigidez formal da obra; a força transformadora da arte de Dante fez com que ele conseguisse elevar à universalidade problemas específicos de sua época e da sua cidade. Do ponto de vista mais transcendental, a jornada do personagem é uma peregrinação para alcançar os ideais cívicos da união, da justiça e do amor. Dante, vivendo em um mundo que considerava imerso em pecados e injustiças sociais, escreveu uma obra tão didática quanto repleta de beleza poética, que aponta a culpa e os pecados humanos como estando ligados a bens materiais, alienantes. Por outro lado, aponta a valoração de bens espirituais como a única maneira de se atingir a redenção moral do indivíduo – a primeira célula da sociedade –, condição necessária para a perfeição social, isto é, a harmonia da vida comunitária e a excelência das instituições políticas e sociais. A obra é polêmica e agressiva, assumindo quase a “função de um terceiro Testamento, de maneira nenhuma subserviente ao Velho e ao Novo”, segundo opinião de Harold Bloom. Dante estava convencido de que sua obra correspondia à mais elevada verdade, daí o caráter educacio­nalmente positivo da mesma. Embora seja difícil mesurar a magnitude do impacto da Comédia na literatura e na cultura mundiais, alguns dos escritores que mais diretamente mostram influência do poema de Dante na sua própria obra são: Petrarca, Giovanni Boccacio, Geoffrey Chaucer, Percy Bysshe Shelley, Dante Gabriel Rossetti, William Butler Yeats, James Joyce, Ezra Pound, T. S. Eliot, Jorge Luis Borges e Samuel Beckett. Aliás, foi Boccaccio, autor de Decamerão e italiano como Dante, que no século XIV acrescentou ao título da obra do florentino o adjetivo “divina”, fazendo da Comédia a Divina comédia de hoje. Críticos e estudiosos costumam concordar que grande parte da permanência da obra-prima de Danteatravés dos séculos se deve ao fato de que ele pensava por imagens. De tão rica visualmente, a Divina comédia influenciou, ao longo da sua história, grandes pintores e artistas plásticos, tais como Gustave Doré, Sandro Botticelli e Michelângelo, entre outros. Dante morreu na cidade de Ravena, em 14 de setembro de 1321. Escreveu também as obras Convívio, o poema Vita Nuova (no qual também homenageia Beatriz) e De Monarchia (tratado político em latim). "; Moraes, Eugênio Vinci de (Tradutor) , Machado, Ivan Pinheiro (Capista)

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